Primeiro Passo

            Meus primeiros contatos com a guerra e o esporte.


Quando eu tinha quatro anos de idade, algo que jamais tinha sido visto na história da humanidade aconteceu. Uma guerra foi transmitida ao vivo pela televisão. Era 17 de janeiro de 1991, uma quinta-feira. Eu tinha quatro anos e oito meses. Começou a Guerra do Golfo.

Eu não sabia o que era uma guerra. Só restava fazer o que uma pessoa que não sabe ler pode fazer. Perguntar aos outros. Adultos em sua maioria não sabem explicar o que é uma guerra. Ainda mais explicar para uma criança. Eu entendi que pessoas estavam viajando para um lugar para se matar. E isso me aterrorizou. 

Eu me tornei uma criança que assistia telejornal. Não que eu conseguisse realmente prestar atenção em tudo. Não tinha concentração para isso. Mas eu ficava brincando perto da televisão enquanto o telejornal passava e olhava quando algo me chamava atenção. Mas nesse primeiro texto não quero falar muito sobre guerra. Vou voltar ao assunto Guerra do Golfo no futuro. Basta dizer que eu mantive o hábito de prestar atenção a telejornais e a televisão em geral o que me levou há um ano e meio depois me deparar com algo menos triste e muito interessante.

Os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. 


Aurelio Miguel de porta bandeira 1992
Foto Anibal Philot  Agência O Globo 

Como criança eu imaginei que viajar para um lugar e competir em esportes era muito melhor do quê para matar os outros. A primeira coisa que eu assisti foi a abertura. Eu não sabia o que era um país, mas sabia que fazia parte do Brasil. Lembro das delegações entrando cada uma com sua bandeira. E lembro de um arqueiro acendendo a tocha com uma flecha incendiária. Aquilo foi muito incrível. Está marcado em minha cabeça até hoje. Na minha inocência de criança o arqueiro realmente tinha acendido a pira com uma flecha mas até hoje discutem como realmente aconteceu.


Aqueiro no acendimento da Pira 1992
Foto Diario As

Minhas memórias são poucas, mas me lembro de mais algumas coisas.

Primeiro eu me lembro do Dream Team. Um time tão forte, tão forte que já tinha vencido a medalha de ouro mesmo antes de jogar. Ninguém esperava vencê-los iam jogar só para competir.

Segundo, me lembro de um brasileiro ganhando uma medalha de ouro. No judô. Eu adorei o esporte mas achei muito agoniante ter que decidir quem ganha e quem perde em alguns poucos minutos. 


Rogério Sampaio 1992  Foto CBJ 

Terceiro, vi o Brasil ganhando a medalha de ouro no vôlei. Onde as partidas demoravam muito mais que no judô.

Juntando essas três experiências eu terminei escolhendo um esporte para praticar. E escolhi o basquete. Pratiquei um bocado. Mas no momento inverti. Ao em vez de assistir judô e praticar basquete. Eu assisto basquete e pratico judô.

A minha última memória é da tocha se apagando. Eu esperava algo memorável. Mas ela só apagou e pronto igual uma boca de fogão.

Durante todo o resto de minha vida eu busquei e ainda busco entender esses dois fenômenos, a guerra e o esporte. Tive a oportunidade de entender muito melhor o que tinha acontecido em 1990 e 1992 e pretendo ir contando o que descobri.

Sejam bem vindos. E se possível me ajudem.


Pix e Paypal: diegosergioadv@gmail.com


Comentários

  1. Guerra e Esporte, que relação incrível você faz. Lembro que, em sua origem, as Olimpíadas tinham tanta força que era motivo de trégua de regiões em conflito. Também lembro em flashes das Olimpíadas de 92. Ansioso pelas próximas impressões de um tempo que mexe muito com a gente, e que marcou nossas infâncias e, por quê não dizer, ajudou a definir quem somos hoje.

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  2. Obrigado pelo comentário. Pretendo falar mais de jogos olimpicos essa semana.

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  3. Muito bom o ponto de vista! A perspectiva das memórias, e sua interpretação contemporânea ao acontecimento, enquanto criança.
    Muito pesado o contexto, e a controvérsia da existência das guerras, tão fortemente presente na história da humanidade.

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