Quando guerra e esporte eram uma coisa só

 

Olá leitores.


    

Retrato de nosso viajante alemão feito em 1664.


Há algum tempo decidi escrever sobre os conceitos de esporte e guerra na cultura de nossos ancestrais que viviam aqui onde nós vivemos antes dos europeus chegarem. Isso não é uma tarefa fácil. Mas eu encontrei um jeito de fazer. Vou tirar conclusões com base em um livro. Que foi escrito por um alemão. Onde ele conta sobre duas viagens que fez ao Brasil. Infelizmente não há como realmente checar os fatos narrados no livro. Mas mesmo assim se trata de um documento muito importante sobre nossos ancestrais nativos da América. Não vou contar as história contidas no livro. A amostra do livro está no final desse texto. Estejam convidados a encontrar o livro e chegar a suas próprias conclusões. Mas vou agora apresentar algumas conclusões que tive. 

Primeiro de tudo é bom lembrar que não faz sentido chamar os moradores do que agora é Brasil antes dos europeus chegarem de índios. Isso é uma generalização que não faz sentido. Os nativos de quem nosso escritor alemão fala no livro sobre duas viagens ao Brasil chamavam a si mesmos de tupis. Tupi teria sido um ancestral deles que terminou dando nome a pessoas de vários grupos que se consideravam aparentados. Para quem já leu a Ilíada de Homero é fácil entender porque é a mesma coisa sobre os personagens da Ilíada que chamam a si mesmos de aqueus por se considerarem descendentes de alguém chamado Aqueu. A maioria de nós brasileiros se esse Tupi realmente existiu também é descendente dele. Então por esse entendimento dos nativos que descendentes de Tupi podem ser chamados de Tupi nós também somos Tupis. 

O outro grupo etnico que nosso alemão encontrou foi o grupo dos guaranis. Que é como a gente chama hoje. Eu não sei como os guaranis chamavam a si mesmos, mas os tupis chamavam eles de carijós. Carijó era um pato. Então os tupis chamavam os guaranis de patos de uma maneira pejorativa. Nós brasileiros muito provavelmente não somos descendentes desses guaranis que os tupis chamavam de carijós. Como eles são as vítimas da história e nós brasileiros gostamos de nos fazer de vítimas, é mais comum ver brasileiros pregando sua ancestralidade guarani que tupi. Mas os guaranis sofreram genocídio nas terras de colonização portuguesa então não devem haver muitos descendentes deles no Brasil hoje. Como eles fugiram do genocídio deve haver descendentes deles nas terras que tiveram colonização espanhola mais não portuguesa. Mais para o lado de lá do continente sul americano. Mas aqui não.

Chegando ao assunto desse blog os tupis não demonstram conhecer o conceito de guerra como nós conhecemos hoje. Para eles a guerra era mais uma caçada. Então o que nós entendemos como ir a guerra para os tupis significava ir à caça. Mas ir à caça de seres humanos. 

Exatamente! Além de caçar animais de outras espécies, os tupis caçavam seres humanos. Haviam dois tipos de seres humanos caçados, aqueles que eles consideravam caçadores e aqueles que eles consideravam apenas caça.

Explicando melhor. Os guaranis para os tupis eram apenas caça não caçadores. Então quando eles encontravam um guarani em suas caçadas eles apenas matavam e comiam. Como qualquer animal. Sem nem um ritual especial e com interesse em matar a fome.

Por outro lado, quando eles encontravam um tupi inimigo eles faziam o possível para aprisionar esse tupi com vida. Caso conseguissem, eles o levavam para casa. Arranjavam uma esposa para ele. Marcavam uma festa. Matavam e comiam esse tupi nessa festa. E o caçador que tinha feito a prisão e que tem o direito de dar a paulada na cabeça do prisioneiro e matar recebe um novo nome. Ele também poderia ceder esse direito a outro caçador.

A esposa do prisioneiro, caso engravidasse, ia dar à luz uma criança que seria vista como caça. Se fosse menina ia ser escravizada e servir de esposa para algum prisioneiro. Se fosse menino ia ser escravizado por um tempo e depois comido. O mesmo destino dessas crianças teria um guarani aprisionado com vida. Porque se rendeu ou porque foi preso numa hora que ninguém estava com fome. 

Também acontecia de um tupi inimigo ser morto na caçada, nesse caso seria comido como caça. 

Quando os europeus chegaram os tupis conheceram dois novos tipos de seres humanos. Os portugueses e os franceses. Um grupo de tupis se aliou aos portugueses e foi abandonando o hábito de comer outros seres humanos. Outro grupo de tupis se aliou aos franceses e pelo menos na época das viagens de nosso viajante alemão ainda comiam humanos. Mas tiveram que atualizar o cardápio. Colocando os portugueses na condição de caçadores. Então um portguês preso vivo era levado para casa, recebia esposa e era comido em uma festa igual um prisioneiro tupi inimigo.

Resumindo a conclusão que tirei desse livro. Para os tupis aliados dos franceses, ou tupinambás. Toda a prática dos homens girava em torno da caça. Eles praticavam algum tipo de arte marcial que visava não machucar o adversário. Mas ia ser usado para capturar prisioneiros nas caçadas. Arco e flecha também. Canoagem. E principalmente o que chamamos de atletismo. Menos para correr atrás da caça e mais para fugir quando a caça fosse você.

Eu recomendo muito a leitura desse livro. Duas viagens ao Brasil. Vou colocar a amostra do livro que eu baixei recentemente para o meu Kindle aqui. Mas eu li esse livro completo na Biblioteca do SESC da minha cidade. Lá tem uma edição muito bem feita. 

Pix, paypal e E-mail: diegosergioadv@gmail.com


        Amostra do livro: "Duas viagens ao Brasil"


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