Zé Perrí e Eu.

        Pensamentos sobre o livro: O Pequeno Príncipe.

        


Olá leitores.


Em fevereiro só consegui publicar um texto desses mais elaborados. Textos curtos tenho publicado todos os dias em meu Twitter, mas é uma rede social esquisita. Não é todo mundo que se interessa por aquilo. Eu no entanto gosto. E convivendo com o povo de lá percebi algo. A maioria dos adultos não tem paciência de conversar com crianças. Já eu tenho. Posso conversar com crianças por horas sem nem um problema. Quando eu era criança era diferente. Eu não tinha a menor paciência para conversar com outras crianças. Minha mãe reclamava que era um adulto pequeno. Mas eu não me importava e ainda não me importo. Cada um tem sua jornada. Eu era uma criança tentando entender esse mundo maluco e falhando nisso.

Já falei em outros textos que comecei a acompanhar guerras com quatro anos. Assistindo a Guerra do Golfo na televisão. Inclusive isso é referenciado no nome desse blog. Mas o que veio três anos depois foi muito pior. Eu descobri o holocausto. Quando eu era criança havia uma revista horrorosa chamada Manchete. E na escola as crianças tinham que levar revistas para fazer atividades de corte e colagem. Algum infeliz mandou o filho levar uma das malditas Manchetes que tinha fotos do holocausto. Um colega meu me explicou que aquelas fotos mostravam uma fábrica de matar gente. Eu fiquei muito impressionado, mas ainda tinha esperança de ele estar mentindo. Mas nos meses seguintes, prestando atenção a televisão terminei descobrindo que o que aquele colega me explicou era verdade. O povo hoje adora prostituir as palavras. Qualquer besteira dizem que ficaram chocados. Mas nesse caso em particular eu realmente fiquei chocado. Chegava a chorar sozinho e acordar à noite com pesadelos. E foi mais ou menos nessa época que eu li esse livro tão famoso: "O Pequeno Principe". É um livro muito curto. Eu li em poucas horas. E lembro que o autor dizia que era um livro que as crianças entenderiam e os adultos não. Só que eu pensei comigo. 


(Spoiler? Vou colocar o resumo do livro que eu fiz criança, não acho que seja espoliação porque é o resumo de alguém que não entendeu nada.) 


"Sou criança e não entendi nada desse livro. O tal do príncipe viajou, viajou, não encontrou nada além de um deserto e depois quis voltar."

Eu acho que eu era uma criança adulta. E talvez hoje seja um adulto criança. Mas tudo bem. A gente é o que é.

Nesse mês que passou como eu não tive condições de ler livros grossos, estou com a cabeça ocupada em um concurso, eu me dediquei a ler O Pequeno Príncipe. Se o meu Eu criança devorou aquele livro em poucas horas, o Eu adulto levou semanas. Li muito devagar, e prestei atenção sobretudo na pequena biografia do autor.

Meu Eu criança nunca consegueria perceber que aquele livro tinha alguma coisa há ver com o holocausto, mas tem. O autor queria falar desse assunto horroroso para crianças. E usou uma figura de linguagem sobre arbustos que precisam ser combatidos se não crescem para se transformar em árvores gigantescas. O arbusto do autoritarismo. Que começa com idéias racistas aparentemente leves e inofensivas e vai crescendo até o dia em que constroem uma fábrica de matar gente. Fiquei com vontade de ler os livros do autor para adultos, mas isso vai ficar para o segundo semestre.

Também fiquei com vontade de voar. Nunca quis ser piloto, mas perceber que o autor usava o avião para viajar e conversar com pessoas espalhadas pelo mundo. Inclusive no Brasil, onde ficou conhecido como Zé Perrí, me fez perceber como sou privilegiado. Tenho a internet para conversar com pessoas sem sair de casa. E quando finalmente eu for voar vou correr menos riscos do que aqueles que o Zé Perrí corria.

Eu acho que todos deviam dar uma chance ao Pequeno Príncipe, tanto crianças quanto adultos. Não precisa ler todo, e nem em ordem. Boa leitura!


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